Olá!!!
De volta à Cidade Maravilhosa, depois de 14 dias em Salvador. Chegou a hora de botar os pés no chão!
Tanta coisa aconteceu... Mas algo que me deixou intrigada foi o fato de eu descobrir que estou ficando velha. Será? Rsrsrs... Minha idade não permite mais 7 dias de Carnaval. Estou acabada! Dói tudo!!!!!!!!!!!!!!!!
Fui para a Barra e para Avenida curtir a festa que teve como tema os ‘100 Anos de Jorge Amado’.
Achei que o tema poderia e deveria ser muito mais explorado, principalmente pelos artistas baianos; mas pelo que eu pude perceber, nem eles e nem seus estilistas estavam muito atentos para o assunto, salvo Daniela Mercury e Margareth Menezes que cultivam a cultura baiana no sangue e, antenadas, como sempre, trouxeram Tieta, Gabriela, Vadinho e Teodoro para festa.
A rainha Daniela Mercury também homenageou o centenário de Luiz Gonzaga. Só com estes dois temas, o Carnaval de Salvador teria muita história para se inspirar e contar.
Mesmo assim foi tudo lindo, como sempre! Aliás... O Carnaval de Salvador Já foi muito melhor, porque antes a festa era voltada para o ‘popular’, para o POVO. Era uma festa democrática, mas, infelizmente, hoje não é mais assim. A comemoração tornou-se elitizada a ponto de o folião ‘pipoca’ não ter nem mais espaço para brincar nas ruas.
Tudo foi tomado pelos BELOS e ENOOORMESSSSS Camarotes; cheios de artistas, celebridades e pessoas convidadas, ou que podem pagar para estar lá. E os que não podem? Estes agora estão sendo, pouco a pouco, excluídos da brincadeira, provocando total revolta dos menos favorecidos.
É gritante a diferença de organização e comprometimento da indústria do Carnaval de Salvador em relação ao Circuito Dodô – Barra à Ondina (antes alternativo) e o Circuito Osmar – Avenida (antes oficial).
O Carnaval da Barra é muito bem iluminado, colorido, enfeitado e organizado. Trios Elétricos a todo instante, com horário cronometrado de desfile, seguido à risca. Camarotes luxuosos e imprensa disputam lugar, metro por metro do desfile.
Vamos para o Carnaval da Avenida, e parece que estamos em outra cidade. A sensação é que não faz parte da mesma festa. Tudo começa lindo na entrada dos Camarotes do Campo Grande, onde todo mundo se apresenta dentro das conformidades; no tempo determinado pela prefeitura; saem todos ‘ lindos na foto’. Os Trios Elétricos quando passam do Campo Grande começa a desorganização. Os trios e blocos que saem do Circuito Batatinha (Pelourinho) passam à frente dos que estão saindo do Campo Grande e aí vira uma desordem total.
Trio do Asa - 25 anos |
Camarote de Daniela Mercury |
Carnaval na Barra |
Carnaval na Barra |
Os cinco principais e primeiros blocos a desfilarem, geralmente conseguem completar o circuito no horário previsto, depois disso, quem está na Carlos Gomes, fica horas esperando uma atração. Quando ouvimos um som, é de um Trio da Prefeitura que se aproxima composto por uma banda paga por ela, acompanhada de um péssimo som, com péssima equalização e etc. A ilumiñação do Circuito também é péssima. Acho que as bandas que tocam nos trios oferecidos pela prefeitura devem ter vergonha de estar ali, o que deve lhes impulsionar é o amor à profissão. Não falta só iluminação, falta Brilho!
Avenida Carlos Gomes |
Trio de RAGHATONI |
Avenida Carlos Gomes |
A parir das 20h não tem mais carnaval de qualidade na Avenida. Quem olha do Largo dos Aflitos, em direção ao início da Avenida Carlos Gomes (bem depois do 2 de Julho), não consegue enxergar uma atração se aproximando... É assim todos os dias de festa. A sensação é que os trios que saem do Campo Grande são abduzidos quando chegam à Praça Castro Alves, e assim desaparecem para sempre, pois eles levam uma eternidade para completar o percurso. Quando eles conseguem chegar a Carlos Gomes, desfilam na velocidade da luz, pois já estão cansados. Deveria ter uma fiscalização para acompanhar todo o circuito. É desanimador!
Camarotes no percurso da Avenida... Zero; ao menos o da Polícia Militar. E por falar em Polícia Militar, essa sim merece respeito, trabalhou bem, como sempre, mesmo depois da greve. Imprensa... Nem se ver a cor, nem uma palavra. Porque será que a imprensa não se interessa em registar o percurso do carnaval "oficial" de Salvador? Quem está lá sabe e sente na pele!
A frase de Bel Marques, cantor da Banda Chiclete com Banana, é sempre a mesma: “Cordeiros e Olho Vivo (seus empregados) abram a corda” Em outras palavras... “Cordeiros e Olho Vivo, espremam os menos favorecidos, que são os reais fãs da minha banda e que divulgam o nosso trabalho. Deixem mais espaço para os pagantes diretos das minhas contas”.
Eu vejo meus vizinhos, colegas, e uma legião de pobres coitados que saem de casa, com um sol de 35 graus na cabeça, pra ir atrás do Chiclete idolatrar a banda; e não vejo Bel fazer uma gracinha pra com estas pessoas. A atenção do Cantor é totalmente voltada para sua burguesia, bem diferente dos outros cantores da nossa terra, tão artistas quanto, porém carismáticos com todos os presentes, sem distinção.
O fato é que O CARNAVAL DA AVENIDA ACABOU! Ainda que a prefeitura diga que está tentando revigorar este percurso usando de várias táticas extremamente políticas. A prática é totalmente diferente da teoria. A festa é puro comércio, e um comércio de burguês.
A tendência é que o Carnaval de Salvador, como um todo, acabe para os pobres e reste apenas o Carnaval da elite, sendo assim, daqui a alguns anos estará que nem um baile de fantasias luxuosas, cada um com sua máscara temporária, escolhida a dedo para o mês de fevereiro.
A tendência é que o Carnaval de Salvador, como um todo, acabe para os pobres e reste apenas o Carnaval da elite, sendo assim, daqui a alguns anos estará que nem um baile de fantasias luxuosas, cada um com sua máscara temporária, escolhida a dedo para o mês de fevereiro.
O que nos resta é a busca por direitos iguais, e consequentemente, busca pelo respeito, visto que a constituição diz que vivemos em um país democrático e que todos somos iguais. Será? Vamos esperar o próximo!