Há muito tempo que eu estava
querendo fazer um post sobre minha visão de o que vem a ser andar de ônibus em
uma grande metrópole, e a data de hoje não me poderia ser mais oportuna.
Fazia anos que eu não vivia esta
experiência, pois enquanto residia no Rio de Janeiro eu morava bem ao lado do
meu local de trabalho, e quando eu precisava sair sempre pegava um taxi. Peguei
este costume dos cariocas que andam muito de taxi para lugares próximos. As pessoas no Rio tem este hábito forte, já aqui
em Salvador nem se torna cogitável esta ideia, pois os valores cobrados por
quilometragem são absurdos. Cansei de ver artistas em Copa, Leblon, Ipanema...
Todos entrando e saindo de um taxi. Aqui a maioria das pessoas estão
acostumadas a pegar taxi apenas em momentos de extrema necessidade.
Já que aqui eu não posso ir e
voltar do meu trabalho todos os dias de taxi, pelo fato de residir há 70 km do
mesmo, tenho passado por grandes experiências nos transportes coletivos. Hoje
eu tenho levado, em média, 3h de deslocamento para chegar ao trabalho e mais 3h
no retorno; um trajeto que, de carro, faço em 40 minutos nos finais de semana,
e 01h30min em dias comuns. O fato de eu estar sempre viajando, tem me
prejudicado no término auto escola, e consequentemente aumentado o meu
transtorno diário.
Embora todos os dias eu passe por
intensas experiências de trânsito congestionado formando filas quilométricas de
veículos em todas as principais vias de acesso à cidade, além de ônibus lotados
e todas as suas consequências; hoje, 16/05/13, um dia chuvoso, minha experiência variou um
pouquinho. Após sair de minha residência as 5:45 e pegar um coletivo que dispunha
de pouquíssimos acentos, devido aos espaços reservador para cadeirantes; ao
olhar pela janela, comecei a percebei que tinha algo estranho... Muita gente na
rua, ônibus e pontos lotados, pessoas caminhando... Não que isso não seja “natural”
em todas as manhãs, tardes e noites desta cidade, porém hoje a sensação que se
tinha era de que toda a população de Salvador resolvera sair de casa no mesmo
horário. Eu fiquei me indagando: O que será que estava acontecendo? Seria a
proximidade com o final semana? Seria um acidente ou uma passeata que congestionou
mais ainda o trânsito? Nada disso... Era uma paralização surpresa dos
rodoviários; a qual eu só vim saber da existência quase 3h depois de estar
dentro de um coletivo onde as pessoas gritavam estressadas, todavia o ônibus
que eu estava era intermunicipal. Depois disso ainda fiquei mais 1h esperando
minha segunda linha para que eu chegasse ao meu destino.
O esperar de uma cidade que dispõe apenas de ônibus como transporte coletivo, com uma quantidade mínima de unidades nas ruas para atender uma população de 3 642 682 habitantes (Fonte:IBGE/2012)? A via de trem só possui 13,5 km com apenas uma linha, e o metrô virou uma lenda urbana! Eu estou me referindo à cidade que foi a primeira capital do Brasil.
Toda esta situação me fez ficar
pensado... O que é pior: Cada vez mais as pessoas comprarem automóveis para se
livrarem destes transtornos, o que resultará em uma cidade cada vez mais lotada
de carros e gás carbônico, ou se conformar com este transporte público
vergonhoso e infuncional?
Há 15 dias a cidade parou por
completo na volta pra casa, devido a um acidente de trânsito em uma via
movimentada que bloqueou todas as principais vias de acesso. Às 22h parecia que estávamos no trânsito das
7 da manhã.
Eu nem estou levantando aqui questões
quanto às condições dos coletivos que estão em situações precárias de conservação.
Vira e mexe eu tenho que descer do ônibus, juntamente com todos os passageiros,
porque o mesmo quebrou no meio do caminho. Manutenção Zero! São coletivos
imundos, bancos e suportes nojentos, chão cheios de resíduos (as pessoas têm
passado tanto tempo nos trajetos que terminam fazendo lanches ali mesmo)... Os
acentos são extremamente desconfortáveis! No meu caso, que faço um trajeto bem longo
todos os dias, sinto muita falta de poder encostar minha cabeça no banco, pois
o mesmo não tem ergonomia para tal. Acentos pequenos, distância mínima entre os
bancos da frente em relação aos de trás, e lotação mais do que máxima.
Quando tudo está terrível ainda pode piorar, pois chega o momento dos
vendedores ambulantes que te empurram para disputar o único espaço que sobra
para o passageiro respirar e, pra variar, eles gritam no seu ouvido com
discursos cada vez mais longos e em nome de Deus, que é o que mais me revolta.
Quer vender? Então fale do produto e convença pelas qualidades do mesmo, só não
tente comover colocando o nome de Deus na situação. Não tenho nada contra os
vendedores, muito pelo contrário, sinto até pena de ver tanta criança, que
deveria estar estudando, naquela situação e importunando o juízo das pessoas.
Quando o motorista é “bonzinho”, ele ainda deixa entrar os andarilhos
(moradores de rua), ou seja, a pessoa toda arrumada pra ir trabalhar ou para
qualquer lugar, sai suja e fedorenta do coletivo.
Tenho consciência de que este caos urbano não
ocorre somente nesta capital. Tenho enfrentado transtornos em quase todas as
grandes metrópoles por onde passo, até mesmo em cidades do interior, onde as proporções
dos estragos são menores, porém que causam impactos sociais parecidos. Acredito
firmemente que não podemos ficar conformados com esta falta de planejamento e
estrutura urbana, ou seja, se a cidade está crescendo, esta deve se readaptar para
acompanhar as novas necessidades, e para isso nós elegemos prefeitos,
governadores, presidentes e alguns de seus subordinados. Pagamos todos e
quaisquer tipos de impostos que nos são cobrados (até na compra de um doce
vendido por um menino qualquer dentro de um coletivo). Não basta promover o
desenvolvimento urbano com a construção de prédios e mais prédios sem permitir
um mínimo de qualidade de vida para a população em relação a todas as
necessidades que temos, principalmente quanto à saúde, educação, segurança,
deslocamento e lazer. Com todo este caos não nos sobra tempo para nada. Eu penso que, para cada edifício residencial
construído, deveria ser construído também, obrigatoriamente, uma escola e um
hospital próximo, isso não resolveria, mas ajudaria muito, seria de grande valia!
Contudo, tem um fato ao andar de Ônibus que muito me agrada... É sobre a cordialidade dos baianos em relação aos motoristas de ônibus. A maioria das pessoas que descem dos ônibus, em Salvador e municípios próximos, sempre agradecem ao motorista e desejam coisas boas. "Boa viagem!", "Siga em paz!", "Tenha bom dia!" "Valeu motô!"... É bonito de se ver!
Contudo, tem um fato ao andar de Ônibus que muito me agrada... É sobre a cordialidade dos baianos em relação aos motoristas de ônibus. A maioria das pessoas que descem dos ônibus, em Salvador e municípios próximos, sempre agradecem ao motorista e desejam coisas boas. "Boa viagem!", "Siga em paz!", "Tenha bom dia!" "Valeu motô!"... É bonito de se ver!
Enfim, depois de toda esta reflexão...
Sabe aquela dúvida que eu explanei lá no 5º parágrafo? Acabei de concluir que
minha carteira de habilitação é prioridade máxima no momento, e que a carona
solidária ajuda a reduzir o volume do fluxo de carros nas ruas. Uma pessoa em
cada carro não faz sentido!!! Cadê a sustentabilidade que tanto se fala nas
empresas, nas escolas e na televisão? Seremos mais racionais, POR FAVOR! Vamos começar
fazendo a nossa parte e sempre cobrar dos responsáveis atitudes mais coerentes.
Isso me fez lembrar o novo quadro do Fantástico, por Glória Kalil - Vamos Fazer Bonito - IMAGINA NA COPA!
Leia também:
http://lucimaripaixao-designer.blogspot.com.br/2011/07/caos-nos-aeroportos-brasileiros.html
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