Foi uma experiência incrível
passar uma noite e um dia na companhia de quatro homens, onde eu era a única
mulher.
Quando cheguei encontrei-me com
uma jovem dama que estava se retirando e me perguntou: “Você conhece ele há muito
tempo?”. Eu respondi: “Sim. Deve ter umas três horas.” Então ouvi uma leve
gargalhada vinda da cozinha... Mas aí expliquei que nós nos conhecíamos através do
Facebook. Ela sorriu, me cumprimentou, se despediu e proferiu que eu amaria a
companhia deles.
Na verdade nem tinha tudo isso de
horas que estávamos nos falando, mas a conversa pelo WhatsApp foi tão maravilhosa, que eu aceitei o convite para a “resenha”... E que RESENHA!
O grupo formado por irmãos e
amigos girava na faixa etária entre 26 e 30 anos de idade. Eu era a mais velha e a mais
sóbria, pois não consumo bebidas alcoólicas. Então minhas observações
iniciaram a partir do momento em que o meu amigo virtual se concretizou chegando para me buscar. Ele desceu do carro para me cumprimentar, tal como seu amigo, que lhe acompanhava.
A simpatia foi imediata, e assim demos início a uma longa e incessante conversa que, após descobrirmos tantas coisas em comum, nos permitiu uma sensação de pertencimento, como se nos conhecêssemos há anos.
A cada momento vivido em cada
situação, eu descobri que homens sabem cozinhar (e cortam carne com mais
habilidade do que eu), mas não se importam tanto assim com a higienização das
coisas. Não que eles tenham feito porcaria na cozinha, mas eu estava
vigiando, por via das dúvidas... Descobri também que eles têm medo de errar nas escolhas, que possuem códigos (que deixaram de ser secretos a partir do momento que me revelaram... Mas eu não vou sair por aí espalhando), que sabem respeitar uma única mulher no meio deles, e ainda sabem ser carinhosos.
Eles cantaram, dançaram, ouviram Justin Bieber, jogaram, gargalharam
(tirando sarro uns dos outros), bagunçaram os objetos, sujaram tantos
outros, fotografaram, filmaram, compartilharam (foram quase 1.500 visualizações em menos de 24 horas), e nós descobrimos amigos em comum. Tudo isso regado à muita conversa...
Os assuntos contornavam por diversos
temas que geravam opiniões sobre: Futebol, festas, músicas, lugares, comidas,
bebidas, maconha (neste caso
apenas opiniões) e, dentre tantos outros... Mulheres!!! E ainda digo mais... Não
somente assuntos sobre mulheres, mas também SENTIMENTOS e RELACIONAMENTOS. Sim,
eu escrevi em caixa alta porque estes foram os dois principais temas durante todo o
tempo em que passei na companhia deles. Foi aí que eu descobri, através de relatos, que o
cantor Pablo mente na interpretação da sua canção quando diz que “Homem Não Chora”. É claro que
chora! Eles possuem sentimentos, e intensos... “A carne ficou pronta?” Era o
que alguns perguntavam em alto e bom tom, entre frases e cervejas, dispersando um
pouco de cada colocação.
Confesso que fiquei impressionada
pela quantidade de vezes em que os assuntos voltados à relacionamentos e
sentimentos vieram à tona... E eu achando que em um grupo de jovens solteiros, em
pleno estado da tão almejada liberdade, jamais teria alguém preocupado com quem iria se “prender”,
ou com quem já havia se “prendido”, ainda que involuntariamente. Eles dividiam
opiniões sobre o estado da mulher como objeto sexual e como companheira. E até
o final das minhas observações eu descobri que todos eles (assim como nós
mulheres) sonham com a companhia perfeita, mesmo cientes de que sempre haverá
imperfeições.
Eu ouvi, sorri, gargalhei, fui
consultada e até opinei. Jamais aconselhei! Mas em cada olho que brilhava em
direção aos meus olhos, eu via a necessidade de se refletir em alguém, por mais
que eles negassem, direta ou indiretamente. Um deles era o que conseguia demonstrar
um pouco mais além dos olhos, pois quase expôs seu coração. Passou todo o tempo
relembrando alguém, se mostrando insatisfeito com a situação, e por isso
desejava ainda mais ter outro alguém. Os amigos tentavam ajudar, porém de uma
forma quase desastrosa por imporem suas opiniões... “Você não vai procura-la
mais”. “O silêncio é a melhor resposta”. “Acorde pra vida”... Diziam. “Mas eu
gosto de expor meus sentimentos. Preciso desabafar”. Respondia o culpado, que
buscava um apoio moral varrendo minha face com seus olhos. Mas eu não tinha
opiniões a emitir por não ter acompanhado o processo, pois o pouco que eu sabia
sobre o caso, foi das inúmeras frases soltas que ouvi, por quase 24 horas. Eu
ainda não estava apta para o julgamento. E para descontrair ele me direcionava cantadas toscas, a
fim de dispersar a atenção dos amigos sobre algo que estava lhe consumindo. Nas
tentativas desesperadas, olhava e mexia com as meninas que desfilavam de biquíni
nas areias quentes da praia, naquela tarde de domingo. Quando as jovens se
ausentavam de gestos de retribuições, ele mirava e atirava para as não tão
jovens... Todos os amigos riam, mas seguiam o ritmo da mesma onda. Uns mais
discretos (tentando me fazer não perceber), outros nem tanto.
O mais debochado, porém não menos
cativante e encantador, me surpreendeu por vários momentos (desde a minha chegada), principalmente
quando me revelou que seus amigos costumavam ser muito carinhosos quando na
companhia de uma mulher. A intensidade
da palavra “carinhosos” me revelou muita coisa, e até o momento da minha
despedida eu pude ter plena certeza disso. Mas o jovem cantor, dos olhos claros, não
parou por aí, e também me disse: “Quando eu gosto de alguém eu gosto mesmo. Me
apaixono”. E a partir deste momento ele iniciou uma sessão de ‘CASOS DE FAMÍLIA’
vividas com suas ‘ex-paixões’. O protagonista me fez sentir dores no abdômen,
de tanto rir com suas histórias.
Entre frases e cervejas, aqueles homens estavam preocupados com a alimentação física e emocional dos seus corpos... Estavam
buscando se nutrir de carne, de bebidas e, principalmente, de amor. Amor entre eles,
amor ao próximo, amor à próxima. Cada dose ingerida de uísque, expelia doses de maturidade
e esperanças.
Apenas um deles se mostrava mais
distante, mantendo-se praticamente calado e esboçando pequenos sorrisos.
Parecia não querer se contagiar com aquelas histórias de amores e afetos.
Talvez fosse por receio, ou por timidez de explicitar seus sentimentos diante
daquela plateia que ainda estava em formação tentando se concentrar e se encontrar. Em contra partida, seu irmão
foi enfático nas colocações, quando afirmou: “Não existe amor à primeira vista... Olhou e se apaixonou... As coisas vão acontecendo com o tempo, vão maturando. É
preciso conhecer primeiro pra saber se é amor, paixão, ou nada disso.” Eu
até acho que concordo com ele. Mas tenho uma teoria sobre este assunto... Acredito que
no primeiro encontro depositamos todas as nossas fichas, e no desenrolar das
situações, essas fichas vão perdendo ou ganhando valor, assim como acontece em
um investimento de AÇÕES BANCÁRIAS. Precisamos apostar...
Eu apostei as minhas fichas
naquele encontro relâmpago, mesmo não estando no meu melhor dia, pois me
recuperava de uma gripe extrema que me deixara com febre até poucas horas antes
daquele momento. Minha fisionomia estava horrível e meu cabelo também. O corpo
dolorido, o nariz fungando e a voz estranha. Minha salvação foi estar com a
pele bronzeada devido aos três dias de praia que apreciei naquela mesma semana. Eu teria me arrependido se não tivesse me permitido viver essa experiência com
aqueles rapazes que me ensinaram tanto em tão pouco tempo. Após ter passado por inúmeras situações
difíceis no decorrer da minha existência, eu descobri que não posso me render a
uma gripe e deixar que oportunidades como esta passem sem ser registradas na
minha vida, no meu coração e no meu blog.
Foi um presente, algo ímpar em meio há quatro homens com personalidades diferentes,
mas com sentimentos iguais... Iguais aos meus, aos seus, aos nossos. Foi AMOR À
PRIMEIRA VISTA... rsrsrs