Logo em seguida lavei meus cabelos e a louça da
última janta. No dia seguinte lavei meus lençóis, as fronhas, a colcha, a roupa
que vestia... Tentei me livrar do cheiro ou, no mínimo, não ter mais contato
com o suor que ficou impregnado na minha alma.
Evito escutar as mesmas músicas, assistir aos mesmos
filmes e programas de televisão. Livro? Ainda não consigo me concentrar, por
enquanto... Mas já tenho aberto meus olhos para um futuro diferente, é...
Aquele que eu sempre sonhei e que permiti que fosse trancafiado no poder do
ciúme e da falta de respeito as minhas necessidades. Eu sempre soube, jamais me
enganei, apenas me permiti e você sabia.
Abri as portas do meu coração assim como se abre a
gaiola de um passarinho que passou muito preso, implorando por sua
liberdade, em todos os sentidos. Não roubei, não matei, não infringi nem uma
lei para viver na sentença da ameaça e da desconfiança.
Meus olhos abertos estão agora, pois preciso enxergar
novamente as possibilidades que a vida me fornece voluntariamente. Não forçarei
a barra, apenas me permitirei novamente. Talvez eu erre, talvez eu acerte e
talvez, pela primeira vez, eu seja muito feliz. Não se surpreenda com a
brevidade deste fato.
Contudo, ainda tenho tentado me livrar de tudo que me
remeta a qualquer momento que eu não quero lembrar, esta tem sido minha meta
diária... E quando eu lavar a minha última peça de roupa tocada com as suas digitais,
quando eu tirar o pó de tudo que restou, quando eu lavar as maçanetas das
portas que se abriram para algumas coisas, e se fecharam para outras... Aí sim, a
faxina do meu coração estará sanada e a minha alma liberta, novamente, ficará.
Por experiências vividas, eu sabia que iria acontecer,
que iria doer (até achei que fosse doer mais), assim como eu também sei que não vai
demorar à passar, pois estas sensações fazem parte do Show Business, e este eu
fiz questão de pagar o camarote para assistir a minha coragem de buscar algo
diferente e usar de tudo isso como uma arma de fortalecimento da minha
dignidade e integridade; algo que, definitivamente, não existe em você.