Viagens
nos sonhos, viagens psicológicas, viagens na maionese... Ops! Viagem de ônibus.
Quando eu estava cansada de arrastar malas de Norte a Sul
do país, eis que pedi demissão e fui parar aonde???? Em mais e mais viagens...
Só que desta vez não tinha mais o glamour nem o avião que me consolava; agora
as viagens são de ônibus, para meu desespero total.
Enquanto eu viajo de ônibus eu fico pensando, e
pensando e viajando... Será que para eu gozar um pouco do sabor da vida eu
terei que continuar parada no tempo e me submeter a isso até eu ficar velha e
não poder gozar de mais nada? Ou eu terei que ficar doente, de fato, para tomar
coragem e largar essa vida de nômade? É, porque meu estômago não me obedece
mais faz tempo... Assim como meu sono tranquilo, que já me faz muita falta...
Tenho andado muito estressada. Pego estrada todos os
dias, e mesmo quando eu não estou viajando de fato, pego a estrada de Jacuípe à
Salvador, ou, no mínimo, estou parada em um engarrafamento.
Ter que ver minhas roupas sempre amarrotadas dentro de
uma mala me dói, assim como ver todos os meus objetos pessoais misturados em um
nécessaire. Também dói ficar me abaixando para pegar meus pertences ou
carregando-os nas minhas costas, assim como faz um caramujo que leva sua casa
nas costas. Uma casa selecionada, porque tem que dá prioridade ao que é mais
que necessário, ou senão suas costas não aguentam...
Estou cansada e desejo do fundo do meu coração, com muita
urgência, uma viagem; mas não à trabalho, e sim para descanso. Quero poder
deitar e viajar em uma vida normal, onde eu possa marcar compromissos normais e
viver coisas normais, tais como: Ir ao dentista, poder participar de uma palestra
ou de um seminário, me dedicar mais a minha pós, ou simplesmente poder ir a uma
festinha de aniversário de um parente... Pode até ser em um final de semana, eu
não me importo... Mas eu quero ir, quero viver!!!!
Há cinco anos, quando eu via artistas (principalmente
os cantores) reclamando que queriam encerrar a carreira porque estava cansados,
e a maioria argumentando que não aguentava mais viajar... Eu ficava achando que
era apenas jogo de marketing, porque assim a mídia ficava dando ibope àqueles
assuntos pessoais destes artistas “cansados de guerra”; hoje eu entendo
perfeitamente o que isso significa... E longe de mim me comparar a algum
artista renomado, muito embora eu tenha escrito em meu diploma que pertenço à
área das artes; mas eles sim são, de fato, recompensados pelo que fazem. Têm o
reconhecimento, a fama, o sucesso e bastante dinheiro no banco, bem diferente
de mim. E mesmo assim, um dia eles se cansam, o que se pode esperar de mim?
E eu fico viajando... Que dinheiro paga isso!? Será
que vale à pena? Até quando? Quem realmente está levando vantagem sobre meus
esforços além das pessoas para as quais eu faço questão de repassar meus
conhecimentos e aprender um pouco com elas!? Eu me desgasto fisicamente,
emocionalmente e psicologicamente e destruo com planos pessoais imediatos
esperando a realização de planos futuros que custam acontecer, quando
acontecem... E tem alguém lá, acima de mim, ganhando os méritos através dos
meus esforços.
Fazem quinze anos que estou nessa profissão e há conco
não para de viajar, por isso estou adiando sonhos,e dentre eles o maior, que é
construir uma família; mas como, se eu só “vivo” viajando!?
Os homens que se aproximam de mim, inicialmente me
acham o máximo por eu ser independente e desbravadora, com o tempo eles vão
cansado da minha rotina e de mim, porque me torno cansada deles também por não
ter tempo de cuidar de mim, muito menos deles. Vida à dois é quase impossível!
E quando, finalmente, eu chego em casa, sequer consigo pensar em sair dela. Além
disso, existem as mil coisas para fazer que me esperam e que, geralmente, eu
não as faço como gostaria.
Meus
amigos e parentes acham lindo quando veem minhas fotos nas redes sociais, até
invejam... Sem saber que felizes são eles em poder decidir por aquilo que,
realmente, lhes dá prazer em fazer. Eles nunca deveriam ter dúvidas de que são bem
mais felizes do que eu; que, mesmo rodeada de carros, ou pessoas dentro de um
meio de transporte e também nas minhas aulas, sempre me sinto muito só.
E é por isso meu caro leitor, que muito provavelmente
estarei encerrando esta carreira de consultoria daqui até o final deste ano,
porque eu preciso ter tempo para viver pra mim. Necessito viver uma vida mais
feliz e menos desgastante que me permita condições de ser uma excelente
profissional em qualquer lugar onde eu estiver instalada.
Eu
tenho muita fé em Deus que oportunidades melhores virão e eu estarei aqui,
neste mesmo espaço, contando para vocês. ;)