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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Para ler no final de semana...

Caros leitores,

 Pensei em milhões de palavras para titular esta postagem... Pensei em colocar o real tema do assunto, depois pensei em colocar um título bem atrativo, Individual ou coletivo, com palavras de amor, alegria, sexo, Deus... Por fim resolvi titular como 'Para ser lido no Final de semana'. Tive certeza que seria o mais coerente e que seria aberto e lido por todos, ou quase todos, qaundo houvesse tempo.

 Portanto, gostaria de partilhar os vídeos selecionados abaixo que, a meu ver, é um caso que compete a todos nós, cidadãos. De que forma? Vou relataras as coincidências que me ocorreram ontem, dia 6/01/2011.

Ontem eu cheguei em casa a noite, tinha saído para minha entrevista de inclusão no curso de Pós-Graduação (Guardem bem isso). Assisti a novela das 9, na rede globo, e logo depois começou o Festival Nacional de Filmes. O filme escolhido foi 'Última Parada 174', aquele em que um menino de rua assalta um ônibus na Zona Sul do Rio de Janeiro e mata uma professora e depois morre asfixiado pelos policiais. Fácil resumir isso, não!? Ok.
O filme começou e eu comecei a assisti-lo, já pré conceituando que seria mais um daqueles que relata a vida de um morador de favela que não teve oportunidades na vida e saiu nas ruas matando as pessoas por revolta e/ou por esporte.
É claro que eu me lembro, como hoje, o dia em que o fato ocorreu ao vivo e a cores, literalmente e infelizmente, pois marcou a vida de muitas pessoas, ou não! Eu tinha 17 anos, a mesma idade do Sandro (protagonista da história), nascida no mesmo país, mas as nossas semelhanças paravam por aí. Graças a Deus! Vivíamos em realidades completamente diferentes.
Pois bem, no desenrolar do filme, comecei a entender um pouco da história do rapaz, apesar de continuar achando que nada justifica aquela atitude; e o que me chamou a atenção foi a existência de uma mulher chamada Yvonne, a qual eu desconhecia totalmente. É lógico que o filme não é 100% fiel aos fatos, mas a realidade do que foi mostrado, em relação a exclusão social, é inquestionável.
A relação, demonstrada no filme, entre Yvonne e seu objetivo de vida em proteger (o que vai muito além de cuidar) aquelas crianças, me fez refletir sobre milhões de coisas. Pensei: De quem é a culpa? Quais são as vítimas e quais são os bandidos? Como é o meu comportamento diante dessas pessoas e de toda essa situação social e cultural? Quem pode fazer alguma coisa para mudar isso de modo que ninguém saia perdendo? De que maneira?...
Pensando em tantos fatos meu raciocínio foi quebrado quando meu namorado, típico carioca, me interrompeu dizendo "O número deste ônibus que roda nesta linha, foi substituído pelo número 175". E no reflexo eu exclamei, "Não acredito! Eu peguei este ônibus hoje, pela primeira vez, quando estava indo para a Barra da Tijuca, na entrevista da Pós-Graduação". Foi aí que "a ficha caiu". Era, e é, uma linha que faz parte do cotidiano de diversos universitário, pois passa em frente, ou dá acesso, a várias Universidades, e que tem o marco de ter sido sequestrado por um jovem que não teve e/ou não quis ter nem uma oportunidade melhor na vida, mas que liberou um universitário de ser seu refém, porém não liberou a professora, que por fim foi assassinada. Que Ironia! Muito CONFUSO tudo isso na minha cabeça.
Fui dormir pensando nisso, sonhei com isso e acordei no meio da madrugada com o barulho de quatro tiros, que pareciam ter ocorrido em baixo da minha janela em um bairro da Zona Norte. Perdi o sono e só consegui tirar um cochilo já quase de manhã. Quando o relógio despertou, me avisando que já era hora de trabalhar, a primeira frase que ouvi foi... "Você ouviu os tiros"? E eu pensei rapidamente, "Quais? O do filme, os do meu sonho ou os da minha rua?". A primeira ação do dia foi acessar o Google e pesquisar a real concepção dos fatos em relação a tudo o que ficou na minha cabeça a noite toda e na minha memória muito fragmentada. Digitei no Youtube "Ônibus 174" e cheguei aos vídeos relacionados abaixo, de uma entrevista com Yvonne Bezerra de Mello (Fundadora e responsável da Fundação UERÊ) que, por sorte, esclareceram muita coisa.
Eu costumo explicitar para meus parentes e amigos, como tudo isso me incomoda. Saio nas ruas e quase nada passar por mim despercebido, graças a Deus desenvolvi essa sensibilidade de tentar, ao menos, entender o porquê de tantos favelados, de tanta miséria, violência, fome, guerra, mendigos etc. Andei discutindo seriamente com meu pai, na semana do natal, sobre isso. Já relatei sobre isso com meu professor de 'Poética do Vestir' na faculdade; já escrevi no Facebbok; mas me senti impossibilitada de fazer alguma coisa além de ser compreensiva.
É claro que eu não acredito que pequenas atitudes como a da Yvonne e seus voluntários acabarão com os problemas da humanidade. Acredito na existência de um Deus Supremo, que conheço como Jeová, e que, Ele sim, abdicará da terra todos os males da humanidade em um futuro próximo. Contudo, ainda vivemos em um mundo de injustiça e de exclusão e não podemos ficar sentados esperando o fim, creio que algo deve ser feito, até mesmo para praticarmos a nossa bondade para este "futuro", ou, no mínimo, devemos apoiar as pessoas que fazem a diferença, de forma positiva, nessa sociedade. Mas só podemos ajudar, nem que seja com pequenas atitudes de carinho e respeito, se abrirmos os olhos e tentarmos entender qual a origem e as consequências de toda essa marginalidade, violência, exclusão social, tráficos e etc. Palavras estas que só conhecemos do dicionário ou quando nos afeta diretamente com um sentimento chamado MEDO.

Seguem os links dos Vídeos e espero que, depois de avaliar cada um deles, vocês se tornem pessoas mais observadoras e com menos preconceito.
 Eu não estou falando de fazer doações por desencargo de consciência, vai muito além disso.

Mari.

Entrevista com Yvonne Bezerra de Mello





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