Apesar de ter sido publicado, no início do ano, que o
projeto de lei 1391/2011 já foi aprovado, no site do Ministério do Trabalho, no
campo Profissões Regulamentadas, o Designer ainda não aparece como Profissão; e
tanto tempo na demora das definições dos direitos e deveres, referentes a este
assunto, tem deixado os verdadeiros profissionais vulneráveis a qualquer tipo
de tratamento e visibilidade no mercado.
Dentre muitas outras questões, o 3º Artigo, diante do
projeto de lei que foi apresentado, prever que o exercício da Profissão de
Designer será assegurado:
I - aos que possuem
diploma de graduação plena e
graduação tecnológica, emitidos por cursos de design devidamente registrados e
reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura referentes, inclusive, às
denominações congêneres (Comunicação Visual, Desenho
industrial, Programação Visual, Projeto de Produto, Design Gráfico, Design
Industrial, Design de Moda e Design de Produto) existentes no
País;
II - aos que comprovarem o
exercício da profissão por período superior a 5 (cinco) anos até a data da
publicação desta Lei...
Existem inúmeras definições, claras, sobre o que é
Designe, e o profissional Designer, contudo muita gente não consegue entender
estas definições e deturpam seus conceitos.
Os verdadeiros Designers profissionais ainda sofrem
ao perceber a diferença negativa do reconhecimento entre aqueles que realmente
são profissionais e dos que se dizem ser; sendo assim, a profissão de designer já
está, totalmente, desmoralizada; e quando se trata do Designer de Moda, a
situação fica ainda pior, pois hoje em dia, basta ter um “estilo diferente” e
dinheiro no bolso para investir, ou um simples blog na internet, que qualquer
um se considera, e pode ser considerado, Designer de Moda.
A garotinha escreve no seu blog o “Look do Dia” e é
vista como a maior Designer do momento. Vai pra televisão, e tem 2 milhões de visitas m sua página, por dia...
Bastou fazer um cursinho de extensão e esta pessoa também já se considera Designer. Muitas vezes nem precisa tanto... basta costurar umas pecinhas do guarda-roupa feminino (porque o masculino poucos querem fazer) e postar no Facebook.Pronto! Está lançada mais uma marca e mais um Designer no mercado. Sem contar aqueles que têm alguma aptidão para desenho, e gosto pela moda, mesmo sem saber se é possível ou não costurar aquela roupa desenhada. Estes não possuem conhecimento sobre os processos de desenvolvimento, nem sobre recortes, costuras, pespontos, acabamentos e tipos de matérias que serão empregados naquele produto, e no final são vistos como grandes talentos; todavia o talento sozinho, não basta.
Bastou fazer um cursinho de extensão e esta pessoa também já se considera Designer. Muitas vezes nem precisa tanto... basta costurar umas pecinhas do guarda-roupa feminino (porque o masculino poucos querem fazer) e postar no Facebook.Pronto! Está lançada mais uma marca e mais um Designer no mercado. Sem contar aqueles que têm alguma aptidão para desenho, e gosto pela moda, mesmo sem saber se é possível ou não costurar aquela roupa desenhada. Estes não possuem conhecimento sobre os processos de desenvolvimento, nem sobre recortes, costuras, pespontos, acabamentos e tipos de matérias que serão empregados naquele produto, e no final são vistos como grandes talentos; todavia o talento sozinho, não basta.
É assim que surge a maioria das empresas de confecção
do país, com meia dúzia de informações, uma máquina de costura e dois membros
da família. Depois a família cresce (dando origem a uma equipe maior), o espaço
físico cresce e os problemas crescem juntos.
Sabe o que acontece no final, com todos estes que
investem neste ramo (por ser uma área de tão fácil acesso e pouco investimento)
sem ter conhecimento e que não buscam se profissionalizar? Em menos de 5 anos fecham suas portas. Estes
dados estão comprovados nas estatísticas mercadológicas do Brasil.
Isso pode acontecer, inclusive, com quem já tem
formação e experiência; basta não se reciclar e não estar antenado com novas
tecnologias, gestões e processos... Pois este conquistador mundo da moda é
astucioso, ousado e mais efêmero do que qualquer outra coisa. Conhecimento é
tudo!
Eu, na posição de profissional formada e atuante no
mercado desde 1998, dentro de todo este contexto, ainda assim, vos digo: É
muito mais fácil lidar com a ignorância do que com o ego destas pessoas que
atuam neste ramo. E digo mais... Não se iluda com o que você "aprende" na faculdade, porque o dia a dia dentro de uma fábrica não chega nem perto das delícias do pincel macio escorrendo a aquarela sobre o papel de fundo branco. Eu tive "sorte" de ter vivenciado o mundo prático antes da faculdade, e poder focar em tudo o que realmente faria diferença pra mim. Não tive tempo para ilusões.
Outra questão importante é o espírito de estrelismo dentro deste ramo, que destrói qualquer
possibilidade das coisas darem certo de maneira equilibrada, harmoniosa e
direta. Apenas atrapalha o bom andamento dos processos.
Saber ouvir, e perceber os mínimos detalhes, é o “X”
da questão. Humildade é tudo e ainda traz bênçãos!
O Designer de Moda é observador de tempos e costumes,
e eu acho tristes as pessoas que precisam se montar, vestir o personagem, para serem
identificados pela sociedade como designers. Geralmente estes são estilistas (ou nem isso), e entre uma atuação e outra existe um abismo gigante.
Para ser um verdadeiro
designer de moda, não basta ter “bom gosto” ou “estilo” (porque isso é
totalmente relativo), ter aptidão para desenhos manuais (os programas de
desenhos computadorizados estão aí no mercado fazendo toda revolução de
qualidade, tempo e custo. O desenho manual é lindo, mas não dá produtividade),
ter uma máquina reta e uma overloque (a tecnologia está avançando a cada dia
para reduzir e facilitar os processos), e/ou ter dinheiro no banco (dinheiro
mal investido tem um breve fim).
Contudo, se o cidadão tiver tudo isso e conhecimento
de mercado, processos e consumo, será capaz de fazer roupas de papel virarem o
maior ápice da moda, e escrever, neste mesmo papel, o sucesso de sua história. É
preciso saber construir para depois desconstruir!
Este é o verdadeiro designer de moda... O projetista,
aquele que pensa no desenvolvimento, na funcionalidade, no caimento, na construção,
no impacto visual, no consumo e nas necessidades do seu consumidor, além do seu
descarte.
E por falar em descarte, ressalto aqui a importância
da preocupação com a questão da sustentabilidade. O fator ‘ecologicamente
correto’ não deve surgir apenas como forma de marketing neste setor industrial,
o que, infelizmente, tem acontecido com grande frequência.
Atualmente a moda, assim como qualquer outro ramo que
desenvolve produtos, não pode ser construída em cima da Futilidade. O seguimento da moda trabalha com visão
social, sempre, o tempo todo.
Além das formas de descarte dos produtos prontos e
dos resíduos de produção, deverá existir também uma grande preocupação com as
formas de extrações das matérias-primas que serão utilizadas, além das
condições de trabalho que serão oferecidas aos seus funcionários; e este ponto
nos leva a uma grande questão existente no mercado de confecção que tem
apavorado todos os empresários, ou seja, falta de mão de obra e o mercado
chinês.
Portanto, para os fashionistas de plantão, espero que,
dessa vez, tenha entendido o real significado da profissão Designer de Moda, da
qual tenho muito orgulho de pertencer e que, por outro lado, me entristece ao
vê-la tão abandonada e cheia de problemas intermediários.
Esta claro que qualquer pessoa pode se tornar um
Designer, porém formação, conhecimento prático e atualização são elementos
fundamentais.
Por fim, deixo
duas das maiores dicas:
1ª- No caso de dúvidas, contrate um
consultor especializado e com experiências de sucesso em sua trajetória;
2ª- Aceite as dicas do consultor e as
ponham em prática.
Para gostar de moda, não precisa saber fazer, basta
saber consumir. ;)
Adoreiiii essa matéria Mari, tudo que um profissional deve saber e os problemas que muitos sofrem pela falta de profissionalismo e capacitação técnica. *.*
ResponderExcluirMuito bom Lu! Vou divulgar para minhas alunas do curso tecnico de moda do Senac! Beijos, Diva
ResponderExcluirImagine vc que vivei muito tempo na região sudeste? Foi exatamente por isso que desisti desça carreira 16 anos atrás quando tudo era muito mais primário e primitivo, ainda mais considerando a região onde nasci e cresci. Mas vamos lá, força na peruca!!!! Bem legal a problemática abordada por vc. Beijos, Midori Nakamura
ResponderExcluirQuerida Mary, como em todas as profissões haverá sempre os melhores e com certeza este serão os que tiverem conhecimentos necessários para irem adiante! Parabéns pelo texto, voce como sempre preocupada com as questões que envolvem a indústria da moda! Grande beijo! Graça Rodrigues
ResponderExcluirMari,Parabéns! Pela matéria.Para trabalhar nessa area, temos que aprender tudo que estiver ao nosso alcançe. Porque talento e dom não é tudo. E o mais importante é ter HUMILDADE, de aceitar os ensinamentos de quem pode agregar valores a profissão. E não se deixar levar pelo "ego",que as vezes nos cega,impedindo de ver as grandes oportunidades que nos rodeiam.Mais uma vez parabéns!...abraço.
ResponderExcluirmuito bom Lu!!!
ResponderExcluirÉ isso aí garota! A realidade não é brincadeira não, é botar a boca no trombone, as pessoas que não entendem não valorizam nossa área, passamos por fúteis, em certa ocasião me perguntaram: mas o que é mesmo que vcs fazem? Como explicar todo o trabalho que se tem para desenvolver um bom trabalho, sério e com compromisso?! Um abração Mary!Maria Gladis k. Prochnow
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